Jessica Bachega – Gazeta Digital
No mês de conscientização da prevenção do câncer de próstata, o que se vê é uma pequena parcela de homens que buscam fazer exames e cuidar da saúde. Apesar de ainda ser uma minoria, essa realidade teve uma sutil mudança, principalmente por conta do incentivo da família e esposa ao público masculino.
De acordo com o Ministério da Saúde, todos os dias 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente 3 milhões vivem com a doença. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta 68.220 novos casos de câncer de próstata e cerca de 15 mil mortes em 2018 e 2019.
Depois do câncer de pele, esta é a doença que mais atinge homens. Cerca de 6 em cada 10 casos são diagnosticados em pacientes com mais de 65 anos.
Segundo o oncologista Cleberson Queiroz, ainda há grande resistência dos homens realizar os exames preventivos e também cuidar da saúde de modo geral. Houve um pequeno avanço no cenário de cuidados, mas ainda pouco expressivo.
“Há muita resistência. Um grupo pequeno de homens não tinham problema em fazer o teste e hoje continua havendo um grupo pequeno. Por conta das campanhas, pressão familiar, da esposa, dos filhos, aumenta um pouco esse número. Mas a resistência ainda é muito grande. O número de pessoas que não fazem o exame ainda é muito maior do que os que estão dispostos”, relata o médico.
O profissional explica que ainda não é possível avaliar o crescimento no número de casos nos próximos meses, mas é esperado um crescimento. Além desse preconceito em se submeter à avaliação médica, a pandemia também suspendeu os procedimentos e tratamento.
Por conta da falta de procura do médico para fazer diagnóstico precoce, estudos já apontam crescimento no número de infartos, derrames e outras doenças. Além dessa falta de prevenção, por conta do risco de contaminação a busca do profissional aos primeiros sintomas de doença é retardado.
“Como o câncer não é uma doença que a pessoa passa mal e morre, ainda vai demorar um pouco para ver resultado dessa demora. No entanto, há estimativas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica de que vai haver um aumento gigantesco nos casos de tumores mais avançados nos próximos meses e no próximo ano, em decorrência das pessoas não irem fazer exames preventivos”, afirma o médico.
Como não há sintomas, a melhor maneira de descobrir o tumor logo no começo, quando as chances de cura são maiores, é com exames preventivos. A partir do momento que o paciente passa a sentir desconforto, é porque a doença já está avançada e com chance elevada de se espalhar por outras partes do corpo, principalmente os ossos.
“Muitos homens relatam sensação de que a urina está presa, urgência para urinar, vontade de ir ao banheiro de uma hora para outra… Todos esses sintomas urinários são ocasionados por doenças benignas da próstata muito mais comuns do que o câncer. Todo homem quando vai ficando velho tem crescimento da próstata. O câncer em estágio inicial não tem sintomas, por isso a importância de ir ao médico fazer o toque retal e exame de PCA”, esclarece o profissional.
O médico explica que quanto mais cedo descoberta a doença, maior a chance de cura. O tratamento nesse estágio consiste em cirurgia ou radioterapia, dependendo do caso. Se a doença estiver mais avançada, é preciso a aplicação dos dois procedimentos. Em alguns casos, é preciso também medicação por anos ou mesmo para toda a vida em casos mais avançados.