Samantha dos Anjos – Assessoria de Imprensa
O deputado estadual Delegado Claudinei (PSL) apresentou requerimento de n.° 477/2021 para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e à superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de Mato Grosso (Ibama), em sessão plenária na Assembleia Legislativa, para obter informações das estruturas para o resgate e reabilitação de animais nos biomas mato-grossenses no período de queimadas.
O parlamentar expôs que recebeu o pedido de apoio de voluntários de ONGs pelo descaso do governo de Mato Grosso que não dá condições suficientes para levar alimentos, como, também, oferecer os devidos cuidados aos animais após sofrerem acidentes com os incêndios florestais na região da transpantaneira devido não contar com um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).
“Esse requerimento é voltado ao meio ambiente de Mato Grosso para salvarmos a nossa fauna. Estamos pedindo informações como está sendo tratado os animais nesse período de queimadas. Temos recebido pedido de apoio de voluntários que resgatam esses animais, feridos e queimados e, infelizmente não tem lugar adequado para cuidar deles, alimentar e dar o remédio”, declarou Claudinei.
Realidade
De acordo com a jornalista e voluntária da ONG É o Bicho de Cuiabá, Maiza Prioli, ano passado foram cerca de 17 milhões de animais que foram mortos pelas queimadas na região do Pantanal, conforme estudo realizado. “No ano passado, o governo do Estado se movimentou, porque teve uma grande visibilidade nacional e internacional. Com isso, vieram grandes ONGs para cá. Na verdade, o governo estadual fez o básico do básico”, lembra.
Ela acrescenta que uma das iniciativas realizadas pela gestão estadual, em 2020, foi a implantação do Posto de Atendimento de Animais Selvagens (PAES) para receber os animais, sendo que não durou nem cinco meses de funcionamento e não foi reativado esse ano para atender os animais feridos. “No começo deste ano, a Sema chamou todas as ONGs e instituições que atuaram no Pantanal ano passado, para dizer de um plano de ação, recursos financeiros a serem repassados, disponibilização de alimentos, que tinham comprado um helicóptero, que estruturariam o CRAS (Centro de Atendimento aos Animais Silvestres), como se fosse um hospital, que funcionaria o ano inteiro, porque o PAES foi uma estrutura que durou pouco tempo. Pois bem, começaram as queimadas e não está tendo nenhuma movimentação do Estado. A Sema simplesmente está inerte”, reclama a voluntária.
Ela conta que o trabalho de resgate e salvamento dos animais da região do Pantanal está sendo realizado pelo Ibama, as ONGs de São Paulo – Amparo Animal e o Grupo de Resgate de Animais (Grade) que é formado por veterinários de várias regiões do país. “Na verdade, a ordem que vem da Sema era que não era para alimentar os animais. Segundo uma nota técnica que eles emitiram, dizia que isso não era necessário. Se não fosse o Ibama assumir a situação e o controle, seria bem pior”, lamenta.
Maya acrescenta que a Sema resgatou alguns animais e levou para algumas clínicas veterinárias que cuidam de animais silvestres, em 2020, e não pagou a conta até hoje. “Então, esse ano, essas clínicas não estão aceitando esses animais, a conta está indo para Amparo Animal que é uma ONG nacional que está cuidando dos resgates. Não tem praticamente nada, a Sema está sendo praticamente omissa e ainda atuando como atrapalhador”, manifesta.
Centro de Triagem
Devido a falta de um Cetas em Mato Grosso, ainda mais com a grande biodiversidade existente, o deputado Claudinei também apresentou uma indicação de n.º 6.112/2021 à Sema e ao Ibama de Mato Grosso sobre a necessidade de implementar essa unidade para atender os animais no período de queimadas.
“Não tem Centro de Triagem de Animais e nunca existiu! A polícia ambiental tem um espaço em Várzea Grande, mas está muito lotado, os animais queimados acabam nem sendo destinados para lá. Mato Grosso do Sul tem um Centro de Atendimento aos Animais Silvestres que funciona o ano inteiro e Mato Grosso não tem. Com toda essa biodiversidade que a gente tem. A questão ambiental de Mato Grosso foi sempre problemática, a gente está vivendo um reflexo de anos e anos de políticas públicas inexistentes para o meio ambiente”, frisou Maiza.
Voluntariado
Além da Amparo Animal, Grade e o É o Bicho, outra ONG de Mato Grosso que atua no processo de salvar os animais é a Eco Tropica. “Somos todos voluntários, os recursos que conseguimos é por meio das redes sociais, fazendo campanhas para conseguir doações, tem algumas empresas parceiras, cedem verbas para a aquisição dos alimentos e emprestam camionetes. A gente presta conta de tudo isso, para quem doou e de tudo que fez com o dinheiro”, explica.
Prioli diz que a demanda diária para arrecadar e conduzir os alimentos para o Pantanal é de 1,5 tonelada de alimentos. “Então o que a gente faz, arrecada os alimentos, frutas e ovos, devido frutas terem maior teor de água, como melância, laranja, mamão, maçã, banana e ovos. Os alimentos chegam lá, vão na base da Amparo e Grade, descarregam e eles fazem essa distribuição no campo e utilizam esses alimentos para os animais em tratamento. Nos finais de semana, vamos com um grupo de voluntários para ajudar na distribuição. Junto com o Ibama, foi mapeado algumas áreas que tem um pouco de água, a gente coloca os alimentos nessas áreas, pois a gente sabe que os animais vão e, também, colocamos em galhos de árvores”, detalha.
Para concluir, Maiza frisa que o trabalho voluntário que exercem é uma tentativa de salvar o patrimônio natural que é o Pantanal. “O que a gente quer ver é o Pantanal lindo e exuberante do jeito que sempre foi. Os animais vivendo em paz e em equilíbrio com os pecuaristas e produtores. A gente se preocupa em daqui alguns anos, o Pantanal se torne um deserto. A gente não quer isso. Não estamos conseguindo alimentar 100% dos animais, é um trabalho de formiguinha. Mas, se a gente conseguir salvar 1% da fauna, já está valendo muito. O turismo no Pantanal é conhecido mundialmente. Preservamos o meio ambiente é contribuímos para a economia e não sei se o governo estadual está vendo isso”, diz a voluntária.
“Eu cheguei a ver uma matéria que o governador esteve no Pantanal e, até mesmo, com alguns deputados, falando de investimentos de mais de R$ 70 milhões para o combate aos incêndios no Pantanal, agora em 2021. Só que está faltando esse apoio aos nossos animais que estão morrendo no Pantanal. Esperamos que esse alerta e as nossas reivindicações sejam atendidas o quanto antes. Não podemos perder tempo. Tem vidas dentro da mata! Os animais precisam de ajuda”, diz Claudinei.
Mato Grosso – Uma das características do estado de Mato Grosso em relação às outras regiões brasileiras é que possui três biomas, sendo a Amazônia, Cerrado e o Pantanal. Neste sentido, conta com uma rica biodiversidade.